quinta-feira, 22 de julho de 2010

Palavreando-me


Sou um fato. Um fato ocorrido no dia 22/04/1991. Não sei nada sobre o que aconteceu naquele dia a não ser o que terceiros me contam. Era uma tarde de sol. Um dia que para muitos nada significava, para mim era o começo. O começo de tudo. Shakespeare dizia que choramos ao nascer porque chegamos a esse imenso cenário de dementes. Não lembro porquê chorei. Provavelmente por isso. Sempre tive uma família que me proporcionou muitas alegrias. Como toda família, tem pessoas de todos os tipos. Um elenco de doidos. E não troco esse hospício por nada! Minha infância foi tranquila. Tinha poucos amigos que me eram suficientes. A adolescência passou e não percebi. Não passei pela fase da rebeldia. Sempre achei-a desnecessária. Hoje, tenho uma vida comum, com gostos comuns e provavelmente quando morrer não haverá estátuas dedicadas a mim e o presidente não vai declarar luto nacional. O que me consola é saber que amei, incondicionalmente, as pessoas que em minha vida entraram. E isso deve significar alguma coisa no final.


Como é uma autobiografia, nada melhor que um pouco de idiossincrasia:

Sou os sapatos espalhados pelo quarto, meu relógio laranja, meu abajur verde, a minha risada escandalosa, os livros que tenho. Sou os ciúmes estranhos, os gostos peculiares.
Se tiver que me tirar alguma coisa, que não seja minha família, eles são a minha base,
minha vontade de ser melhor. Não, por favor, não os tire de mim;
Jamais se espante com minhas lágrimas repentinas, é que às vezes paro, olho e fico fascinada
com cada pérola que Deus me confiou e choro. Mas não é um choro lamentoso, só de satisfação.
Se algum dia eu tiver que abrir mão dos meus sonhos que não seja o de ser jornalista. É a profissão mais linda que já conheci. Tantos ideais, garra e suor embutidos numa só vontade.
Se um dia quiser me dar um presente, tente algo bem simples como um bilhete, um sorvete ou a piada mais engraçada que conhecer. Isso! Me faça rir, amo rir. Aquelas gargalhadas bem gostosas de doer o estômago. Ou tempo; tenta tempo. Tempo quero ter!
Se tiver que ir embora não me conte nada assustador, tenho medo do escuro. Seria doloroso demais.
Se por acaso estiver à toa e quiser minha companhia, que seja bem cedo ou à noite, nunca à tarde.
Não gosto de pegar sol; gosto das estrelas, da lua, do frescor da manhã.
Busco o amor em todas as coisas.
Não recuo se houver aproximação mas não conquiste meu amor e depois vá carregando pedaços meus consigo.
Dê-me o sossego do sorriso de quem ama e me terá por inteira em suas mãos.
Se não for capaz de se doar por inteiro, abro mão do seu meio amor e fico só com o meu que é intenso, eterno, terno. Me cuide, me case, me ame.
Se eu pudesse resumir a felicidade lhe contaria minha vida. Felicidade não é sorrir o tempo inteiro;
Felicidade é paz de espírito e isso eu tenho de sobra.
Gosto de pessoas mas se não me trouxerem nenhum benefício opto pela companhia do silêncio.
Ele me inspira, acalma. Se tiver que me perguntar algo, que não seja quem sou.
Não saberia lhe responder, só sou! Sou.