terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ela nunca se importou. Nunca se importou demais com insultos, indiferenças. Não era fria, só distante. Era como se o mundo acontecesse e ela estivesse observando por uma fresta. Precisava de muito mais para ser abalada. Mas agora o amargo vinha de alguém que admirava. Alguém que se lembrava de pedir a Deus todos os dias para guardar. E então ela sentiu. Seus olhos marejaram sem que percebesse. As lágrimas simplesmente surgiram ali. Não precisou de força, de expressões, de pensamentos inertes. Só da surpresa. Surgiram no ímpeto do inesperado. Ela sequer tentou pensar em respostas ou argumentos. Sua imobilidade desafiaria a mais perfeita eloquência. Abaixando seus olhos, procurou por sentimentos que estavam ali. De início sentiu um incômodo - algo parecido com tentar sair com sapatos que não lhe servem. Suspirou lentamente... Estava tudo muito oco, vazio. Na verdade, o que ficou em seu peito não foi a raiva, a dor, a decepção. Não! Nada disso. Só o que ficou foi um vácuo, um grande vácuo antes ocupado por alguém que admirava. Alguém que se lembrava de pedir a Deus todos os dias para guardar...