sexta-feira, 22 de abril de 2011

Querendo quem se tem.

Queria ter qualquer coisa bonita pra te escrever
Qualquer verso rimado, um sorriso desconsertado.
Queria a doçura da infância, o soslaio cúmplice
Queria a metade, metade de mim.
Mas não existe.
Existe você. Em mim.
Isso é mais que beleza, verso, riso, apreço, metade.
É um inteiro. É o todo.
É o fim do querer. É ter.
Mas se os céus se abrissem e eu pudesse pedir qualquer coisa
Só queria meu coração transformado em prosa pra morar em ti.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Divagar devagar.

I see your face with every punch I take,
and every bone I break, it's all for you.
And my worst pains are words I cannot say,
Still I will always fight on for you. Fight on for you ...


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ela nunca se importou. Nunca se importou demais com insultos, indiferenças. Não era fria, só distante. Era como se o mundo acontecesse e ela estivesse observando por uma fresta. Precisava de muito mais para ser abalada. Mas agora o amargo vinha de alguém que admirava. Alguém que se lembrava de pedir a Deus todos os dias para guardar. E então ela sentiu. Seus olhos marejaram sem que percebesse. As lágrimas simplesmente surgiram ali. Não precisou de força, de expressões, de pensamentos inertes. Só da surpresa. Surgiram no ímpeto do inesperado. Ela sequer tentou pensar em respostas ou argumentos. Sua imobilidade desafiaria a mais perfeita eloquência. Abaixando seus olhos, procurou por sentimentos que estavam ali. De início sentiu um incômodo - algo parecido com tentar sair com sapatos que não lhe servem. Suspirou lentamente... Estava tudo muito oco, vazio. Na verdade, o que ficou em seu peito não foi a raiva, a dor, a decepção. Não! Nada disso. Só o que ficou foi um vácuo, um grande vácuo antes ocupado por alguém que admirava. Alguém que se lembrava de pedir a Deus todos os dias para guardar...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ela era uma moça magra, alta. Do tipo que passa despercebida por ser comum demais. Ele, um rapaz de fisionomia tranquila, com sua jaqueta de couro e seu all star vermelho desbotado. Sentados num barzinho repleto de veteranos e calouros.

- Sabe quando você tem necessidade de algo que desconhece? Ela perguntou enquanto roía as unhas de aflição.
- Não. Mas sei quando tenho a necessidade de algo que conheço mas não posso ter.
- Deve ser ruim. - Olhou pra trás com a intenção de avistar quaisquer conhecidos

[Silêncio]

- Por que você é sempre tão ansiosa?
- Não sei. Já tomei alguns remédios mas não parece fazer efeito. Não sei como você consegue ser sempre tão tranquilo.
- Já tenho o que quero por perto. Isso ajuda.
- O que é?
- Você.
- Eu?
Ele consentiu balançando a cabeça.

[Silêncio]

- Por que isso agora? - Ela apoiou o cotovelo direito na mesa, esfregando a mão na testa
- Por que você acha que é de agora?
- Não?
- Não.
- Não lido bem com sentimentos e afetos mas me deixa te abraçar?
- Venha.

[Silêncio]

- Posso ficar por aqui?
- Sempre.
- E se você me beijasse?
- Não sei.
- Não sabe?
- E se eu te beijasse...

[Silêncio]

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Silenciosamente íntimos

- Queria não me sentir só.
- Desculpe, você me conhece?
- Nunca a vi!
- Por que isso?
- Se me achar um fraco será irrelevante.
- Não.
- Não?
- Talvez.
- Não vai me dizer nada?
- Gostaria.
- E...?
- Estou repleta de vazio. Até minhas palavras se tornaram ocas.
- Sinto muito.
- Não sinta. Só me faça companhia.
- Estou tão vazio quanto você. Só tenho o meu silêncio.
(Silêncio)
- Aceito.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Perdida em mim.

- Você é engraçada, sabia?
- Acredito que bom humor atrai bom humor.
- Então porque eu? Logo eu, cheio de machucados não cicatrizados, me aproximei de você?
- E quem disse que eu também não tenho feridas abertas em mim?
- Por que você sorri, então?
- Por que você se aproximou de mim?
- Porque você me faz sentir bem.
- É por isso que sorrio. Lembra que te falei que bom humor atrai bom humor?
- Sim, e...?
- É por isso que sorrio... pra não me afastar de mim mesma.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A audição

- De onde vem essa sua vontade de atuar? - Questionou-me o rapaz responsável pelo teste
- Antes de responder a sua pergunta, você saberia me dizer quem é você? - Perguntei sentando à beira do tablado.
- Como assim? Que pergunta é essa? - Seu tom era áspero
- Você não entendeu a pergunta ou não sabe a resposta?
- Quem sou eu? Eu sou um estudante de mídia de 20 anos. Faço uns bicos, ajudo em casa.. Mas por que você quer saber disso? Isso é relevante?
- Então pra você o ser é secundário? - Encolhi as pernas e as abracei
- Não sei, nunca pensei nisso. E você? Quem é?
- Vou te dizer quem sou. Eu sou os pedaços de tudo. Faço-me e refaço-me a cada segundo. Posso ser uma em sua frente mas acredite que sou mais de um milhão. Quando você me perguntou de onde vem a minha vontade de atuar, cheguei a conclusão de que atuo o tempo todo. - Sorri abaixando a cabeça. - Não sou essa que está aqui mas também não sei se sou a que está lá fora. Nesse momento sou uma entrevistada e quando chegar em casa serei a filha, a irmã, a namorada, a amiga. Não existe um eixo central pra isso. O ser me absorveu. Estou perdida em suas inúmeras facetas e ciladas. Isso não é mais uma questão de vontade. É mais que necessidade. Isso sou eu.
- Essa é a sua resposta?
- Não. - Levantei enquanto pegava minhas coisas - Essa sou eu.
- Como posso confiar nessa resposta depois de tudo o que me disse? Ele segurou meu braço
- Se não entrar no meu roteiro, você não pode. - Bati a porta e segui.