quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ela era uma moça magra, alta. Do tipo que passa despercebida por ser comum demais. Ele, um rapaz de fisionomia tranquila, com sua jaqueta de couro e seu all star vermelho desbotado. Sentados num barzinho repleto de veteranos e calouros.

- Sabe quando você tem necessidade de algo que desconhece? Ela perguntou enquanto roía as unhas de aflição.
- Não. Mas sei quando tenho a necessidade de algo que conheço mas não posso ter.
- Deve ser ruim. - Olhou pra trás com a intenção de avistar quaisquer conhecidos

[Silêncio]

- Por que você é sempre tão ansiosa?
- Não sei. Já tomei alguns remédios mas não parece fazer efeito. Não sei como você consegue ser sempre tão tranquilo.
- Já tenho o que quero por perto. Isso ajuda.
- O que é?
- Você.
- Eu?
Ele consentiu balançando a cabeça.

[Silêncio]

- Por que isso agora? - Ela apoiou o cotovelo direito na mesa, esfregando a mão na testa
- Por que você acha que é de agora?
- Não?
- Não.
- Não lido bem com sentimentos e afetos mas me deixa te abraçar?
- Venha.

[Silêncio]

- Posso ficar por aqui?
- Sempre.
- E se você me beijasse?
- Não sei.
- Não sabe?
- E se eu te beijasse...

[Silêncio]

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Silenciosamente íntimos

- Queria não me sentir só.
- Desculpe, você me conhece?
- Nunca a vi!
- Por que isso?
- Se me achar um fraco será irrelevante.
- Não.
- Não?
- Talvez.
- Não vai me dizer nada?
- Gostaria.
- E...?
- Estou repleta de vazio. Até minhas palavras se tornaram ocas.
- Sinto muito.
- Não sinta. Só me faça companhia.
- Estou tão vazio quanto você. Só tenho o meu silêncio.
(Silêncio)
- Aceito.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Perdida em mim.

- Você é engraçada, sabia?
- Acredito que bom humor atrai bom humor.
- Então porque eu? Logo eu, cheio de machucados não cicatrizados, me aproximei de você?
- E quem disse que eu também não tenho feridas abertas em mim?
- Por que você sorri, então?
- Por que você se aproximou de mim?
- Porque você me faz sentir bem.
- É por isso que sorrio. Lembra que te falei que bom humor atrai bom humor?
- Sim, e...?
- É por isso que sorrio... pra não me afastar de mim mesma.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A audição

- De onde vem essa sua vontade de atuar? - Questionou-me o rapaz responsável pelo teste
- Antes de responder a sua pergunta, você saberia me dizer quem é você? - Perguntei sentando à beira do tablado.
- Como assim? Que pergunta é essa? - Seu tom era áspero
- Você não entendeu a pergunta ou não sabe a resposta?
- Quem sou eu? Eu sou um estudante de mídia de 20 anos. Faço uns bicos, ajudo em casa.. Mas por que você quer saber disso? Isso é relevante?
- Então pra você o ser é secundário? - Encolhi as pernas e as abracei
- Não sei, nunca pensei nisso. E você? Quem é?
- Vou te dizer quem sou. Eu sou os pedaços de tudo. Faço-me e refaço-me a cada segundo. Posso ser uma em sua frente mas acredite que sou mais de um milhão. Quando você me perguntou de onde vem a minha vontade de atuar, cheguei a conclusão de que atuo o tempo todo. - Sorri abaixando a cabeça. - Não sou essa que está aqui mas também não sei se sou a que está lá fora. Nesse momento sou uma entrevistada e quando chegar em casa serei a filha, a irmã, a namorada, a amiga. Não existe um eixo central pra isso. O ser me absorveu. Estou perdida em suas inúmeras facetas e ciladas. Isso não é mais uma questão de vontade. É mais que necessidade. Isso sou eu.
- Essa é a sua resposta?
- Não. - Levantei enquanto pegava minhas coisas - Essa sou eu.
- Como posso confiar nessa resposta depois de tudo o que me disse? Ele segurou meu braço
- Se não entrar no meu roteiro, você não pode. - Bati a porta e segui.
Hoje parei pra pensar em quem sou. Reparando nos meus amigos, vejo minhas gírias, meus gestos, meu beijo dado na testa. Ao andar pelas avenidas, percebo que sou nada nesse infinito finito. Ao passar pelo centro, observo um menino dedilhar seu violão e até ali consigo me enxergar. No momento em que é entoado o . É bem ali que estou e só eu enxergo isso.
Topei que estou na saudade repentina, na risada capaz de substituir toda uma conversa.
Estou no abraço - seja o aconchegante da chegada ou o comovente da partida -.
Se houver falta de eloquência, procure por mim, e ali estarei.
Meu coração está por aí - não despedaçado mas dividido -. Ele está em cada digital minha deixada pelo mundo afora. Nas minúcias vitais.
Me busque no intangível, na privação, no eterno. Só me busque, por favor! Você vai me encontrar. Só hoje me toquei que não sou o inteiro. Sou os detalhes.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Basta para cada dia o seu mal.

Falar do que passou é doloroso. Vejo as situações escapando pelos meus dedos e não tenho condição de contê-las. Sinto o passado como um vulto mas não sou capaz de perseguí-lo. Então eu sigo. Invento alguns planos, dou risada da minha postura no momento, finjo acreditar que tudo tende a mudar. Vez ou outra assisto vídeos de pessoas como eu que se encontraram nesse universo absorvedor de covardes que não dão a cara pra bater. Agora eu estou aqui! De frente pra platéia encarnando com dom perfeito o papel de coadjuvante esperando um brecha para protagonizar. Suo frio, tenho medo do que virá. Mas vou. Com medo de que a vida me bata mais do que possa suportar, mas vou. Eu e Deus. Nós dois até o fim, num elo que só pode ser quebrado por mim. Me agarro na fé e sigo. Dou um drible na insegurança, uma caneta no medo, tropeço, caio. Mais uma vez de pé, retorno para o jogo. Posso ter o que perder mas tenho muito mais a ganhar. À noite, quando não existe o som de tantas vozes abafando os meus desejos, aproveito o silêncio para escutar a minha voz. A voz de Deus. Renovação do espírito é meu segredo. E o dia que virá se encarregará dele mesmo.

domingo, 7 de novembro de 2010

Sobre a saudade.
Saudade não é o que a gente sente quando a pessoa vai embora. Seria muito simples acenar um 'tchau' e contentar-se com as memórias, com o passado. Saudade não é ausência. É a presença, é tentar viver no presente. É a cama ainda desarrumada, o par de copos ao lado da garrafa de vinho, é a escova de dentes ao lado da sua. Saudades são todas as coisas que estão lá para nos dizer que não, a pessoa não foi embora. Muito pelo contrário: ela ficou, e de lá não sai. A ausência ocupa espaço, ocupa tempo, ocupa a cabeça, até demais. E faz com que a gente invente coisas, nos leva para tão próximo da total loucura quanto é permitido, para alguém em cujo prontuário se lê "sadio". Ela faz a gente realmente acreditar que enlouquecemos. Ela nos deixa de cama, mesmo quando estamos fazendo todas as coisas do mundo. Todas e ao mesmo tempo. É o transtorno intermitente e perene de implorar por 'um pouco mais'.

Saudade não é olhar pro lado e dizer "se foi". É olhar pro lado e perguntar "cadê?".

(Textos Beeshop)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Tão sutil quanto a brisa vespertina
Sua presença acalma as batidas do meu coração
Me repousa na segurança do sentimento
Faz-me ter a certeza de que amanhã será melhor.

Seus sorrisos são o aconchego necessário de minh'alma!
Percorrendo sua face com a ponta dos dedos
Vejo o quão abençoada sou por possuir muito mais
Que toda riqueza desse mundo.

Riquezas mesquinhas, que se esvaem com o tempo
Mas aqui, bem aqui nas minhas mãos
Tenho o que ninguém por mérito próprio poderia conquistar.
E então a paz repousa em mim. Em você. Em nós.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Embora não faça sentido
Escrevo cartas para ninguém,
Inspiro poesias no vácuo
Guardo sentimentos vazios.

Só quero poder ser eu
Livre de qualquer compromisso
Livre de qualquer civilidade
Quero gritar sem punição.

Quero alguém que me faça sorrir.



Com frequência mergulho em uma interminável nostalgia.
Ah! Lembro com detalhes daquelas risadas e da despreocupação
que nos fazia ficar durante horas nas calçadas -a maioria das vezes- só para termos certeza que ainda tínhamos um ao outro!
Onde tudo foi parar? Qual foi a palavra que desfez nosso elo?
Me faça retroceder e recuperar seu abraço.
Não sei mas quem você é;
Tanta camuflagem feita unicamente de sarcasmos baniu a pureza
de minhas intenções ao sonhar com uma vida menos dolorosa pra nós dois.
A sua instabilidade sempre se encaixou perfeitamente com meu jeito previsível -quase uma balança sentimental favorável-
O que me dói é saber que no momento em que ela desequilibrou eu não estava lá para ajustá-la!
Descuido meu, tristeza minha.
Sua indiferença só faz com que eu deseje ainda mais que você
siga sua vida enquanto aos poucos me curo do remorso que foi não ter comparecido as últimas conversas pelas ruas do nosso bairro.
Ah quão querido bairro!
Ainda tem o nosso cheiro, ainda lamenta nossa ausência.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010


Não é o calor do meio dia tampouco a frieza da meia noite
Porventura chamaria eu de o alívio do fim da tarde?
Se sim, por que perturba-me na ausência?
Se não, por que acalma-me com a presença?

Não há conclusão porque não houve princípio
À priori me desespero e, por fim, resisto.
Pois é tudo que tenho.
Tudo o que tenho é o meu mundo.
A mim mesma.
Ou nem isso!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Palavreando-me


Sou um fato. Um fato ocorrido no dia 22/04/1991. Não sei nada sobre o que aconteceu naquele dia a não ser o que terceiros me contam. Era uma tarde de sol. Um dia que para muitos nada significava, para mim era o começo. O começo de tudo. Shakespeare dizia que choramos ao nascer porque chegamos a esse imenso cenário de dementes. Não lembro porquê chorei. Provavelmente por isso. Sempre tive uma família que me proporcionou muitas alegrias. Como toda família, tem pessoas de todos os tipos. Um elenco de doidos. E não troco esse hospício por nada! Minha infância foi tranquila. Tinha poucos amigos que me eram suficientes. A adolescência passou e não percebi. Não passei pela fase da rebeldia. Sempre achei-a desnecessária. Hoje, tenho uma vida comum, com gostos comuns e provavelmente quando morrer não haverá estátuas dedicadas a mim e o presidente não vai declarar luto nacional. O que me consola é saber que amei, incondicionalmente, as pessoas que em minha vida entraram. E isso deve significar alguma coisa no final.


Como é uma autobiografia, nada melhor que um pouco de idiossincrasia:

Sou os sapatos espalhados pelo quarto, meu relógio laranja, meu abajur verde, a minha risada escandalosa, os livros que tenho. Sou os ciúmes estranhos, os gostos peculiares.
Se tiver que me tirar alguma coisa, que não seja minha família, eles são a minha base,
minha vontade de ser melhor. Não, por favor, não os tire de mim;
Jamais se espante com minhas lágrimas repentinas, é que às vezes paro, olho e fico fascinada
com cada pérola que Deus me confiou e choro. Mas não é um choro lamentoso, só de satisfação.
Se algum dia eu tiver que abrir mão dos meus sonhos que não seja o de ser jornalista. É a profissão mais linda que já conheci. Tantos ideais, garra e suor embutidos numa só vontade.
Se um dia quiser me dar um presente, tente algo bem simples como um bilhete, um sorvete ou a piada mais engraçada que conhecer. Isso! Me faça rir, amo rir. Aquelas gargalhadas bem gostosas de doer o estômago. Ou tempo; tenta tempo. Tempo quero ter!
Se tiver que ir embora não me conte nada assustador, tenho medo do escuro. Seria doloroso demais.
Se por acaso estiver à toa e quiser minha companhia, que seja bem cedo ou à noite, nunca à tarde.
Não gosto de pegar sol; gosto das estrelas, da lua, do frescor da manhã.
Busco o amor em todas as coisas.
Não recuo se houver aproximação mas não conquiste meu amor e depois vá carregando pedaços meus consigo.
Dê-me o sossego do sorriso de quem ama e me terá por inteira em suas mãos.
Se não for capaz de se doar por inteiro, abro mão do seu meio amor e fico só com o meu que é intenso, eterno, terno. Me cuide, me case, me ame.
Se eu pudesse resumir a felicidade lhe contaria minha vida. Felicidade não é sorrir o tempo inteiro;
Felicidade é paz de espírito e isso eu tenho de sobra.
Gosto de pessoas mas se não me trouxerem nenhum benefício opto pela companhia do silêncio.
Ele me inspira, acalma. Se tiver que me perguntar algo, que não seja quem sou.
Não saberia lhe responder, só sou! Sou.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Enquanto isso...


Saudações! Tem muito tempo que não apareço por aqui. Pois é!
Então, fiquei sem saber o que escrever. Tenho alguns textos já prontos mas são coisas antigas e
queria colocar aqui algo novo. Não que alguém fosse ler. Na verdade, nem eu leio isso aqui. Seria uma forma de desabafo, talvez! Que patético, não!? E nem é por falta de amigos. Até que tenho alguns deles. Acho que sofro daquela parada de depressão pós-filme. Toda vez que vejo um, algo muda em mim. Muda passageiramente! Amanhã voltarei a ser o que sempre fui. Acabei de assistir Nick&Norah's - Infinite Playlist - com Michael Cera e Kat Dennings. A menina eu não conhecia mas sou fascinada pelos filmes que o Cera faz. Acho que é a cara lerda dele, o estilo de se vestir ou a timidez, sei lá. Me identifico com os personagens dele. É como se fosse eu ali. Assim como os personagens do Adam Brody, principalmente o Seth Cohen de The Oc, que são capazes de prender minha atenção por horas.
Voltando a falar do filme... A história é meio bobinha. O que me prendeu foi a playlist do filme. Muito boa. E por falar em música, eles passam o filme inteiro procurando por uma banda chamada Fluffy. Será que isso existe mesmo? Mais tarde eu procuro.
A nova que inventei foi escrever uma fic baseada em Twilight. Ninguém merece! Parei de escrever e não estava nem na metade. Por que nunca consigo terminar o que começo? TENHO que parar com isso. Teve um trecho que escrevi que gostei muito. É mais ou menos assim:

– Eu sou como aquele homem-de-lata buscando um coração que sabe que ali dentro bate na esperança de um dia vê-lo saltitar. E toda vez que penso em você, lembro do calor de seus braços, e como puderam esquentar o que não se pode derreter. Mas tive medo, Bella. Tenho medo. Odeio me sentir assim, odeio saber que posso ficar sem você. Nada se compara ao modo como meu coração cabe em suas mãos e talvez nem tenha sido sua intenção me cativar a esse ponto.

A criação não é por completo minha. Óbvio. Por mais que eu ame escrever nunca tive um nível tão alto de sensibilidade. Peguei um pouquinho de Sounds like sunday do Mineral, um trecho de um texto perdido aqui no computador e mais uns pedacinhos que inventei. Lê-se: a parte mais fraca. Estou viajando aqui ouvindo The Smiths. Nunca tinha parado pra ouvir. É legal, muito legal!
Essa semana vou cortar meu cabelo no queixo. Estou segurando o choro. Fui descolorir a parte debaixo mas o cabelo não aguentou a química e tcharam: caiu.
Logo agora que tinha me acostumado com ele grande. Saco.
Quarta-feira encontrei com minhas amigas. Não sabia que estava com tanta saudade até estar ali com elas, rindo como sempre fazíamos antigamente. Uma delas me contou uma história e toda vez que lembro morro de rir. Um amigo dela saiu com uma garota e ela o levou pro seu apartamento e quando foi pra cima
dele, ele se esquivou e saiu dizendo: "Poxa, eu ouço Los Hermanos. Vai com calma!" E foi embora. HAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHA
Acho que nós, os fãs dos Hermanos temos uma característica em comum: o ultra-romantismo. Camelo e companhia nos acostumou mal.
Bom, acho que não tenho mais nada de novo. Exceto que faltam seis dias para o meu aniversário. Ninguém merece.
Vou ficando por aqui...

Assistam Nick&Norah's :) Vale a pena!