Sobre a saudade.
Saudade não é o que a gente sente quando a pessoa  vai embora. Seria muito simples acenar um 'tchau' e contentar-se com as  memórias, com o passado. Saudade não é ausência. É a presença, é tentar  viver no presente. É a cama ainda desarrumada, o par de copos ao lado da  garrafa de vinho, é a escova de dentes ao lado da sua. Saudades são  todas as coisas que estão lá para nos dizer que não, a pessoa não foi  embora. Muito pelo contrário: ela ficou, e de lá não sai. A ausência  ocupa espaço, ocupa tempo, ocupa a cabeça, até demais. E faz com que a  gente invente coisas, nos leva para tão próximo da total loucura quanto é  permitido, para alguém em cujo prontuário se lê "sadio". Ela faz a  gente realmente acreditar que enlouquecemos. Ela nos deixa de cama,  mesmo quando estamos fazendo todas as coisas do mundo. Todas e ao mesmo  tempo. É o transtorno intermitente e perene de implorar por 'um pouco  mais'.
Saudade não é olhar pro lado e dizer "se foi". É olhar pro lado e perguntar "cadê?".
(Textos Beeshop)
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